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Prosperidade
Planetária

Vertical de Impacto I

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Com a escalada da crise climática, o tempo está se esgotando para mudarmos a trajetória do planeta em direção a um ambiente significativamente mais quente, trazendo sérias implicações para a prosperidade da vida. O objetivo comum é inequívoco: devemos manter as temperaturas globais abaixo de um aumento de 1,5˚C. No entanto, mesmo que já esteja surgindo um consenso de que, muito provavelmente, essa meta é inatingível, falhar em alcançá-la agravará a recorrência e intensidade de catástrofes climáticas extremas testemunhadas nos últimos anos.

"(...) o tempo está se esgotando para alterarmos a trajetória do planeta

(...) o tempo está se esgotando para a alterarmos a trajetória do planeta 

"Anti-bandeirante - selvagem - fotoperformance", 2019. Maré de Matos | Galeria Lume

Orçamento de Carbono para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C e 2,0°C

Probabilidade de manter o aquecimento abaixo de 1,5°C

Probabilidade de manter o aquecimento abaixo de 2°C

Para ter 50% de chance de manter
o aquecimento abaixo de 1,5
°C, o mundo só pode emitir 250 mil milhões de toneladas de CO2.

Emissões de CO2
(bilhões de toneladas)

Emissões de CO2
(bilhões de toneladas)

Emissões Globais (2022)

Emissões Globais (2022)

Global Carbon Project

Quanto CO2 o mundo pode emitir

mantendo o aquecimento abaixo
de 1,5°C e 2°C?

De fato, até setembro de 2023, as temperaturas médias globais do mundo atingiram um aumento de 1,5˚C no ano e, nos dois meses seguintes, isso escalou para um aumento de 2˚C em relação aos níveis médios pré-industriais. Esse aquecimento é atribuído a vários fatores, incluindo El Niño e a diminuição do gelo dos  oceanos, mas o principal culpado é, sem dúvidas, a mudança climática exacerbada pela crescente  emissão de GEE (gases de efeito estufa) na última década.

A mudança climática é a febre crônica do planeta, subindo de forma sorrateira, porém implacável, minando a saúde do nosso ecossistema global. Nossa posição é precária, considerando nosso 'orçamento de carbono' – as emissões permissíveis de CO2eq. Em 2022, o mundo emitiu aproximadamente 41 bilhões de toneladas de CO2. Considerando os efeitos cumulativos do CO2 na atmosfera, as estimativas afirmam que temos apenas 50% de chance de permanecer abaixo de 1,5°C se emitirmos mais 250 bilhões de toneladas (limite atual) de gases CO2eq, o equivalente a apenas seis anos no nosso atual ritmo de emissão.

A lacuna de emissões

Histórico

Políticas Atuais (estimativa alta)

Políticas Atuais (estimativa baixa)

Promessas e Metas (estimativa alta)

Promessas e Metas (estimativa baixa)

Compatível com 1,5°C

Climate Action Tracker

"Cores do Tempo", 2024. Kilian Glasner | Galeria Lume

A transição para uma economia de baixo carbono não é apenas imperativa; é uma questão de sobrevivência. Compreender as fontes de emissão e otimizar o uso dos recursos são passos iniciais críticos. Esse processo exige, igualmente, transparência e responsabilidade de países, instituições públicas e empresas privadas. Atualmente, os custos da natureza são negligenciados, levando a um senso distorcido de segurança. Como Paula DiPerna, autora de "Pricing the Priceless", coloca: "Se você pudesse evitar pagar seus trabalhadores, suas finanças pareceriam muito mais saudáveis. Da mesma forma, estamos evitando pagar a natureza, o trabalhador supremo."

Como diz o ditado, "Só podemos gerenciar o que medimos". Embora haja muitas iniciativas que afirmam estar lidando com a mudança climática, neste estágio, precisamos centrar toda a nossa atenção e esforços em reduzir as emissões onde fará diferença. Nesse sentido, para colocar em perspectiva o que queremos dizer com fazer a diferença, os três maiores setores de difícil mitigação, Químicos, Ferro& Aço e Cimento, sozinhos emitem mais de 6 Gigatoneladas anualmente. 

Apenas para comparar, outro setor de difícil mitigação, as companhias aéreas, emitem aproximadamente um terço do que a indústria do Cimento emite por ano de GEE. Em resposta, a Positive Ventures mapeou todas as empresas de software de contabilidade de carbono e investiu naquela focada nesses setores de difícil mitigação que são imprescindiveis de serem descarbonizados. A SINAI Technologies (saiba mais) oferece um software para realizar o inventário de carbono, com insights únicos relacionados à MAC (Curva de Custo Efetivo de Abatimento Marginal), auxiliando indústrias intensivas em carbono na transformação de ambições net zero em planos de descarbonização acionáveis.

O uso de recursos naturais e materiais em geral, mas particularmente na construção civil, contribui significativamente para as emissões de CO2. As emissões diretas do setor de construção representam 8% do total global, mas as emissões indiretas triplicam esse impacto.

Setores de difícil redução de emissões

Químicos

Ferro e Aço

Cimento

SETOR

EMISSÕES EM GIGATONELADAS POR ANO

WRI

Emissões do ciclo de vida de edifícios

WBCSD

Emissões incorporadas de materiais e construção

Emissões incorporadas de substituição e fim de vida

Operacional

Até 2060, espera-se que os ambientes urbanos dobrem, equivalendo à construção de uma Nova York ou quatro cidades de Buenos Aires a cada mês. Até então, projeta-se que a produção de materiais de construção libere aproximadamente 250 gigatoneladas de "carbono incorporado". A Pathways (saiba mais) está na vanguarda com sua tecnologia habilitada por IA, simplificando a criação de Life Cycle Analyses (LCAs) e Environmental Product Declarations (EPDs) para fabricantes. Essa inovação é crucial não somente na América do Norte, onde novos edifícios estão sendo construídos cada vez mais com materiais de baixo carbono, mas em especial  em economias emergentes, já que ainda há uma lacuna de infraestrutura. Portanto acessar a avaliação dos impactos ambientais no setor de construção será fundamental.

A reforma dos edifícios existentes no mundo também representa um imenso desafio, exigindo a mobilização de milhões de proprietários de imóveis. Felizmente, os governos estão começando a reconhecer e enfrentar essa necessidade urgente por meio de iniciativas legislativas, subsídios e incentivos aos proprietários de casas para renovarem suas residências para uma economia de baixo carbono. A Fram Energy (saiba mais) está liderando essa iniciativa, tornando financeiramente vantajoso para proprietários de múltiplos imóveis descarbonizar suas propriedades alugadas.

WBCSD

Fóssil

Limpa

A Grande Limpeza

EMBER

Acelerar a transição para energias renováveis é outra peça essencial do quebra-cabeça, já que uma das maiores mudanças do nosso tempo é o lema "Electrify Everything". Uma rede elétrica limpa é central para esse esforço. A energia solar alcançou um recorde de instalação global em 2022, impulsionada pelas políticas governamentais favoráveis, o aumento da adoção por empresas de serviços públicos e também por conta dos benefícios econômicos. Neste contexto, a Ruuf (saiba mais) é um ator chave na expansão  da energia solar na América Latina, começando pelo Chile. A solução facilita conexões entre proprietários de casas, instaladores de painéis solares e bancos, tornando financeiramente atraente a adoção da energia renovável. 

Embora painéis solares tenham sido uma das principais ferramentas para reduzir as emissões de CO2 nos últimos anos, tecnologias emergentes em outros setores também têm se mostrado promissoras no combate à mudança climática. A fermentação de precisão é uma delas, e está revolucionando a indústria alimentícia. A Ten Lives (saiba mais), uma empresa líder neste espaço, combina machine learning com fermentação de precisão para enfrentar a emergência climática descarbonizando a alimentação de animais de estimação com IA. O consumo de carne de gatos e cachorros nos EUA sozinho é equivalente ao da população inteira do Texas, o que representa cerca de 25% do consumo total de carne do país.

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Abordar a produção de resíduos é outro aspecto crítico da transição para uma economia de baixo carbono. A produção de plástico é responsável por pelo menos 3% das emissões globais de gases de efeito estufa. No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos introduziu novas regulamentações que obrigam as empresas a reciclar pelo menos 30% de seus passivos ambientais. Isso representa um avanço em relação à norma anterior, que exigia a reciclagem de 22% dos materiais distribuidos no mercado. Impulsionada pela regulação, a Eureciclo (saiba mais) visa aumentar a taxa de reciclagem do Brasil para 45%, utilizando tecnologia blockchain para garantir um rastreamento transparente da cadeia e promover um mercado eficiente de troca de créditos de reciclagem na América Latina.

220223". Marina Hachem | Galeria Lume

Plastics Europe

Produção mundial de plásticos

2021

Plásticos baseados em fósseis

Plástico reciclado pós-consumo

Plástico baseado em biológicos e atribuído a biológicos

Plastics Europe

Enquanto medir, compensar e evitar emissões de carbono são etapas vitais para manter as temperaturas globais abaixo de 1,5˚C, também devemos nos esforçar para capturar gases de efeito estufa da atmosfera. O Fórum Econômico Mundial estima que $44 trilhões de valor econômico (mais da metade do PIB global) dependem de forma moderada ou intensamente da natureza, através de serviços como retenção de água e sequestro de carbono.

Sistemas naturais como solos, florestas, pastagens e oceanos, são essenciais para estabilizar o clima global, atuando como reservatórios de carbono. De 2022 a 2050, estima-se que serão necessários $11 trilhões em investimento no meio ambiente para mitigar o aumento das temperaturas. A Pachama (saiba mais) lider em restauração da natureza e remoção de carbono em escala, usa dados de satélite e IA para ajudar empresas a investir com confiança em créditos de carbono de alta qualidade.

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Embora o dióxido de carbono (CO2) muitas vezes domine as discussões sobre mudança climática, outros gases de efeito estufa, como metano, óxido nitroso e 'gases F', também são grandes responsáveis no aquecimento global. O metano, que representa quase 18% do total de emissões de gases de efeito estufa, aumentou cerca de quatro vezes mais rápido que as emissões de CO2. Notavelmente, os principais emissores de metano incluem China, Índia, EUA, Brasil e Rússia, conforme relatado pelo IPCC.

O metano tem uma vida útil na atmosfera mais curta (cerca de 12 anos) comparado a presença de séculos do CO2, o que pode ter de alguma forma ofuscado o seu impacto para o aquecimento global. Mas isso não significa que ele é menos relevante. O metano é responsável por pelo menos 25% do aquecimento global atual devido à sua maior potência de absorção de energia. Mesmo que os esforços tenham se concentrado predominantemente na redução do CO2, o metano recebeu apenas 2% do financiamento climático para mitigar seu impacto. Nesse contexto, a Positive Ventures continua liderando pelo exemplo, sendo o primeiro fundo com base no Brasil a perceber essa enorme oportunidade de gerar impacto e investir em empresas como a Windfall Bio (saiba mais), co-investida por outros investidores globais e líderes do clima. A Windfall Bio oferece soluções inovadoras transformando naturalmente o metano em fertilizante orgânico, abordando este aspecto crítico, mas muitas vezes negligenciado, da mudança climática.

"Os Sertões", 2021. Kilian Glasner | Galeria Lume

Dada a taxa acelerada de perda da natureza, o número apresentado pelo Fórum Econômico Mundial (WEF) é alarmante. Cientistas dizem que, a menos que medidas sejam tomadas para desacelerar os impulsionadores que causam a perda de biodiversidade, muitas das cerca de 1 milhão de espécies de animais e plantas atualmente ameaçadas de extinção desaparecerão dentro de décadas.

Índice Planeta Vivo

O índice do planeta vivo mede o declínio médio nas populações de vida selvagem monitoradas. O valor do índice mede a mudança na abundância em 31.821 populações em 5.230 em relação ao ano de 1970 (ou seja, 1970 = 100%).

World Wild Life Fund (WWF) and Zoological Society of London

Se as perdas na natureza (o mundo natural) e na biodiversidade (a variação nesse mundo) representam uma grave ameaça à humanidade, elas também apresentam riscos para os negócios e a economia, tanto pelo impacto das empresas sobre os recursos naturais quanto pela sua dependência direta ou indireta deles. Nos tornamos investidores orgulhosos em empresas como a Funga (saiba mais), que está utilizando o microbioma fúngico florestal não apenas para melhorar os resultados florestais diante da crise climática, mas também para realçar a biodiversidade microbiana. Sua abordagem envolve a inoculação de ecossistemas degradados com uma mistura diversa de fungos e micróbios, promovendo um crescimento mais rápido das árvores, aumento da biomassa de carbono e a restauração de florestas mais resilientes e biodiversas.

À medida que enfrentamos a  urgente crise climática, as iniciativas transformadoras apresentadas trazem esperança. Através de estratégias inovadoras que reduzem emissões, revolucionam o uso de energia e restauram ecossistemas, vislumbramos um caminho para um mundo mais equilibrado, que opere dentro dos limites planetários. Esses esforços destacam o potencial para inovação e colaboração na construção de um futuro sustentável e próspero. Embora a jornada seja desafiadora, o comprometimento contínuo nos aproxima de um mundo mais resiliente. 

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